Quando falamos em dosagem in vitro de glicose, automaticamente pensamos na determinação da glicemia e na sua importância principalmente para o diagnóstico e monitoramento do Diabetes Mellitus. Contudo, a dosagem de glicose pode ser realizada em outras amostras biológicas além do soro e plasma, apresentando um significado clínico completamente diferente.

O líquido cefalorraquidiano (LCR), popularmente conhecido como líquor, envolve o encéfalo e a medula espinhal, sendo responsável pela proteção hidromecânica do Sistema Nervoso Central (SNC). Além disso, ele também atua na homeostase do SNC e na regulação da função neuronal, de modo que a sua análise laboratorial é de extrema importância para o diagnóstico e monitoramento de doenças neurológicas.

A concentração de glicose no líquido cefalorraquidiano depende dos níveis glicêmicos e da taxa metabólica do SNC. Concentrações elevadas de glicose (hiperglicorraquia) geralmente não indicam doenças neuronais, sendo apenas um reflexo das concentrações elevadas de glicose no sangue. Níveis reduzidos de glicose (hipoglicorraquia), por sua vez, são excelentes indicadores de distúrbios neuronais.

A meningite é a principal doença infecciosa que acomete o Sistema Nervoso Central, sendo caracterizada pela infecção das membranas que protegem o encéfalo e a medula espinhal. Geralmente, ela possui origem viral ou bacteriana e a ausência e/ou delonga no tratamento pode causar danos neurais irreversíveis e até levar à morte. Portanto, a identificação do agente etiológico causador da doença é de extrema importância para a definição do tratamento apropriado.

A análise de LCR é mandatória para os casos de suspeita de meningite, sendo que a determinação de glicose auxilia na determinação do agente etiológico causador da doença. Em casos de infecção bacteriana, a concentração de glicose no LCR encontra-se reduzida, devido à inibição do transportador de glicose cerebral pelas bactérias. Em casos de infecções virais, por sua vez, isso não ocorre e os níveis de glicose não são alterados. Somados às características visuais da amostra de LCR (presença ou ausência de turbidez), ao tipo de tipo de célula imune presente na mesma e à determinação de lactato, a dosagem de glicose é essencial para a definição do tratamento apropriado para a doença.

A análise de glicose no LCR também é importante para a avaliação de metástase tumoral para as meninges, o que ocorre em 5% dos casos de diagnóstico de câncer e possui alto grau de mortalidade. Nestes casos, ocorre uma redução da concentração de glicose no LCR que, quando associada à dosagem de marcadores tumorais específicos, pode diagnosticar metástase tumoral para as meninges.

Além disso, a determinação de glicose também pode ser realizada em amostras de urina.

Os rins são responsáveis pela filtração do sangue para a manutenção do seu volume intravascular e do equilíbrio eletrolítico, sendo que algumas substâncias são reabsorvidas e outras são excretadas na urina.

Em condições normais, a glicose filtrada é reabsorvida pelo túbulo contorcido proximal. Contudo, quando as concentrações de glicose plasmáticas ultrapassam as concentrações de 160 a 180 mg/dL, o sistema de reabsorção renal é saturado e o excesso de glicose passa a ser eliminado na urina, o que é conhecido como glicosúria.

Quando associada à hiperglicemia, a glicosúria é um indicativo de Diabetes Mellitus. Contudo, a glicosúria também pode ser observada quando a glicemia está dentro da normalidade, sendo que, neste caso, ela indica uma deficiência na reabsorção de glicose nos túbulos contorcidos proximais, como observado em pessoas com a síndrome de Fanconi.

A Biotécnica, sempre a serviço da vida, reconhece a importância da dosagem de glicose em diversos líquidos biológicos e está lançando um novo kit de determinação de glicose com excelentes características de desempenho, destacando a melhor linearidade dos kits de mercado. Além disso, está validado para amostras de soro, plasma, urina e líquido cefalorraquidiano.

Prestando auxílio completo no monitoramento do perfil glicêmico, a Biotécnica também conta com os kits para determinação de frutosamina, HbA1c e β-hidroxibutirato em seu portfólio.

Fernanda Rebellato.

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